EVA FURNARI
(MUSAS E DIVAS DA LITERATURA INFANTOJUVENIL)
Da série Mulhes Mithoí, neste período em que se tem abordado sobre o feminino estarei publicando de março a maio as principais obras de algumas de nossas autoras da Literatura Infantojuvenil, de poesias, contos, ilustrados e histórias (A anterior foi sobre Sylvia Orthof. Te convido a acessar o post anterior)
Através de um olhar criativo e por ter essa sensibilidade apurada em perceber o mundo das coisas que estão a sua volta, Eva Furnari criou e ainda cria muitos de seus personagens. Principalmente, com as expressões faciais que se refletem na maioria dos seus desenhos em estilo icônico, caricatural e linguagem figurada. Para ela a literatura se caracteriza ao se inserir o ser humano como principal inspiração à matéria-prima e ferramentas de seu trabalho numa perspectiva de importância observatória, imaginária e memorial. O que torna a sua narrativa rica, ritmada e cheia de graciosidade harmônica entre palavras e ilustrações com toques místicos e simbólicos. O toque de bom humor também garante boas risadas. Segundo a própria Eva criar histórias é uma maneira de tornar a existência mais divertida de modo a preenchê-la, como se tivesse uma criança dentro de dela (É uma forma de expressar a sua alma infantil). É uma forma dela compartilhar as suas visões, as suas brincadeiras, os seus jogos, os seus humores. Ilustrar torna-se uma grande diversão. Não é para menos, pois sua ilustração vai além do desenho: há o conhecimento do personagem, o que é o divertimento surpreendente. Trata-se de uma busca pelo novo. A autora ao citar Jung e Nise da Silveira, acredita que a presença da magia e do faz de conta são fatores importantes para a criança: “Ao simbolizar, o inconsciente manifesta-se. O ser humano que não consegue simbolizar se desequilibra psiquicamente. Já um adulto, poderá adentrar ou não neste universo. “
“O faz de conta é importante
para a criança. Ao simbolizar, o inconsciente manifesta-se. O ser humano que
não consegue simbolizar se desequilibra psiquicamente.” (Eva Furnari)
Sobre a inclusão e a Exclusão
Eva Furnari sempre teve uma contribuição sobre a área da educação e um olhar sensível sobre a inclusão e a exclusão das pessoas. Os seus personagens e enredos possuem uma sensibilidade tal que percebe-se o respeito à diversidade.
A LITERATURA:
Para Eva Furnari literatura é:
“Uma manifestação humana de expressão que encaixo como sendo uma manifestação artística. Obviamente que, nesse conjunto, existem qualidades diversas. Mas é um veículo de experiências.” (Eva Furnari)
A AUTORA E SUA OBRA:
Eva Furnari nasceu em Roma, Itália e veio para o Brasil aos dois anos de idade. Ela se formou-se em Arquitetura e Urbanismo. Foi professora de artes no Museu Lasar Segall. Mais tarde descobriu a sua inspiração dentro da arte literária.
Em parte da sua carreira já colaborou como desenhista em diversas revistas. Durante quatro anos publicou semanalmente histórias da Bruxinha no suplemento infantil do jornal Folha de S. Paulo. Em sua carreira de escritora e ilustradora, já publicou mais de 60 títulos. As obras de Eva também foram agraciadas com os principais prêmios para a categoria. Ao longo de sua trajetória, Eva Furnari recebeu diversos prêmios e vários por suas ilustrações. Entre eles, 7 (sete) prêmios Jabuti da Câmara Brasileira do Livro (CBL): Melhor Livro Infantil por Felpo Filva e Melhor Ilustração pelos livros Truks, A bruxa Zelda e os 80 docinhos, Anjinho, O Circo da lua, Cacoete e Felpo Filva. Foi premiada nove vezes pela FNLIJ e recebeu o Prêmio da Associação Paulista de Crítica (APCA) pelo conjunto da obra.
Durante dez anos foi autora de histórias sem textos escritos (Livros-imagem) e ilustrou enredos de outros autores, dentre eles Érico Veríssimo, dentre eles “A Aventura do Avião Vermelho” e “Os Três Porquinhos Pobres”. Em 1994, lançou a primeira trama intrincada: A Bruxa Zelda e os 80 Docinhos.
A autora está sempre pensando em diferentes maneiras de fazer as coisas de um jeito eficiente para ter mais tempo sem suas criações. Como por exemplo, as histórias dos personagens da sua obra “Drufs”, ela se utilizou de vários materiais e criou vários personagens, além de fotografá-los para montar o seu projeto gráfico, no qual até mesmo precisou deixar alguns personagens de fora.
No final de 2014 o título Felpo Filva, que já vendeu mais de 250 mil cópias no Brasil, foi publicado na Inglaterra pela Pushkin Books.
O livro conta essa história de uma maneira
muito divertida numa linguagem figurada dos personagens (Amei a Charlô! Bem
autêntica! E os tiques do Felpo são hilárias! Há muitas partes legais dessa
doce e linda história!). Além de usar como estratégia de entretenimento com o leitor
através dos variados tipos de texto: poema, fábula, carta, manual, receita e
até autobiografia, entre outras funções da escrita. Já podemos ler em sua
dedicatória desta história de Felpo Filva que diz assim: "Esta história
é dedicada a todos aqueles que têm orelhas diferentes."
Muitos de seus livros foram adaptados para o teatro: Lolo Barnabé, Pandolfo Bereba, Abaixo das canelas, Cocô de passarinho, A bruxa Zelda e os 80 docinhos, A Bruxinha Atrapalhada, Cacoete e Truks, sendo que esta última recebeu o prêmio Mambembe em 1994. Outros livros inspiraram animações, como Trudi e Kiki e Godofredo.
Desde 2012 publica seus livros exclusivamente pela Editora Moderna. Essa parceria entre a autora e a editora resultou na criação da Biblioteca Eva Furnari, coleção composta por sete selos que acomodam aproximadamente 50 títulos, entre obras inéditas, reformuladas e reeditadas.
Dentre as suas obras, há dois livros que ela considera como significativos: Os Problemas da Família Gorgonzola (2001), uma obra na qual ela consegue alcançar uma espontaneidade que as crianças têm ao copiar os seus traços e criar outros inspirados na sua obra. O outro é o único que ela não ilustrou, mas escreveu com delicadeza e maestria: Amarílis (2013), com ilustrações de Cárcamo, do qual ela gosta e se emociona com o texto. As ilustrações são em tons de cores monocromáticas alaranjado. E realmente, devemos concordar que o texto é lindíssimo e sua narrativa surpreende no final, mesmo dando pistas iniciais.
Um dos livros que faz muito sucesso entre as crianças na escola, e um dos quais já utilizei por conter um caráter bem lúdico e dinâmico entre as crianças foi: “VOCÊ TROCA?”. Esta obra chega brincando com as palavras - na tradição popular dos trocadilhos e das rimas.
PARA (NÃO) FINALIZAR...
Para (Não) finalizar, dentre tantas obras publicadas por Eva Furnari, torna-se um tanto quanto difícil a escolha de apenas uma obra para comentar, pois cada uma em particular merece uma admiração, nos desperta a criança interior e o nos remete ao cheiro de infância que existe dentro de cada um de nós ao nos adentrar em seu conjunto da obra.
REFERÊNCIAS:
Alguns Vídeos disponíveis no Youtube sobre a autora:
- A História de Eva Furnari. (Editora Moderna Liter)*
https://www.youtube.com/watch?v=ibNS_1L2aok
- Eva Furnari | Episódio completo: Pequenos desajustados | Super Libris (SescTV)
https://www.youtube.com/watch?v=PgxSmdAj7JY
- Eva Furnari em Linhas de Histórias – O Livro Ilustrado em Sete Autores (Sesc Santo André)**
https://www.youtube.com/watch?v=GBb8ckd9muc&t=2s
- O Mundo de Eva Furnari (Esconderijos do Tempo)
https://www.youtube.com/watch?v=Fwv3zaDhpNc
- As histórias de Eva Furnari (Crescer)
https://www.youtube.com/watch?v=UVeTS1Cbx04
- Eva Furnari. (Fernanda Polonio)
https://www.youtube.com/watch?v=02n9qY5gk5M
- Grandes Mulheres -- Eva Furnari (Todo Seu)
https://www.youtube.com/watch?v=BSJ94IDvozU
*Na minha opinião, um dos vídeos mais lindos que já assisti!
**Amei esse vídeo!
