terça-feira, 10 de novembro de 2015

PSICOMOTRICIDADE, EDUCAÇÃO FÍSICA E AS DEFICIÊNCIAS: Há limites para o corpo?


PSICOMOTRICIDADE, EDUCAÇÃO FÍSICA E AS DEFICIÊNCIAS: Há limites para o corpo?

Por Jacira C. da Costa

         
         Quando observamos crianças realizando várias atividades como correr, saltar ou pular, por exemplo, podemos notar que cada uma possui suas individualidades e especificidades no sentir, pensar e agir. Seja no ritmo (rápido/lento; alto/baixo), nas variações de tônus, controle do equilíbrio, dominância lateral, organização espacial. Cada uma dentro dos seus limites intrapessoais e interpessoais, onde limite do corpo de um termina (ou começa) quando começa (ou termina) o limite do corpo do outro, no espaço.  Cada um no seu quadrado. Dentro deste contexto, não podemos deixar de citar as crianças deficientes físicas (Paralisia Cerebral, por exemplo), mental ou múltipla, surdas, cegas, autistas, as que possuem síndrome de Down, etc. Sem falar das dificuldades de aprendizagem ligadas ás dislexias, discalculia, etc. Quantas vezes já pensamos que poderiam haver limites, para o corpo? Não. Não há limites para o corpo. Muito menos para a mente.
 


            Os estudos sobre plasticidade neural indicam que todo indivíduo possui uma condição e uma predisposição inata para desenvolver diversas habilidades cognitivas, motoras e sócio-afetivas, do qual diversas formas de assimilação e acomodação das estruturas mentais se desenvolveram.  Contudo, tudo dependerá da composição de cada estrutura, ligadas às experiências psicomotoras, vivências sensório-motoras e das influências socioculturais ao qual o indivíduo pertence. A criança, ao descobrir o próprio corpo através das possibilidades de vivenciar as mais diversas sensações e percepções estimula a descoberta do próprio corpo e desenvolve questões do autoconhecimento, auto-superação e autoestima. Dentro deste aspecto, a Psicomotricidade tem grande importância na construção da identidade que se dão por meio das interações sociais. A partir das atividades individuais e em grupos, as brincadeiras ajudarão a criança a reconhecer e compreender as suas características físicas, afetivas e cognitivas dentro de suas limitações, naquele momento.

          Atualmente, nas atividades da vida diária, no trabalho, no esporte, cada vez mais vemos pessoas que superam os limites do corpo. Possuímos vários exemplos de superação: Hellen Keller (Professora, Cega-surda), Beethoven (Compositor, Surdo), Ray Charles e Steve Wonder (Cantores, ambos cegos), Stephen Hawking (Físico Teórico, tem seu corpo comprometido por uma doença neurológica chamada Esclerose Amiotrófica Lateral), Nick Newll (Deficiênte físico do membro superior, lutador de MMA), Alan Fonteneles (Corredor Paraolímpico, deficiente físico, dos dois membros inferiores), Hebert Viana (Cantor e compositor, ficou para paraplégico após sofrer um acidente). Todos eles, dentro de suas especificidades e especialidades, de alguma forma, colaboram ou colaboraram para o bem da humanidade. Afinal, não há limites para o corpo e para mente.

 
Disléxicos Famosos (Foto By Pensamentos De Fernando Pessoa)
 

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

O Brincar na Infância: Uma Cultura de Consumo?


O Brincar na Infância: Uma Cultura de Consumo?*

Por JACIRA C. DA COSTA
*Trabalho apresentado no Congresso Internacional de Psicomotricidade no Chile, realizado na Cidade de Santiago do Chile, pelo período de 10 de novembro a 13 de novembro de 2011


          Geralmente, quando realizamos uma brincadeira e convidamos uma criança para brincar elas não recusam o convite.

          Na rotina escolar realizamos ou tentamos realizar muitas brincadeiras com materiais diversos, porém o mais comum são a presença dos brinquedos industrializados, como bambolês, bolas, cordas de cisal ou as crianças trazem de sua casa brinquedos que os pais compram como: carros do Hot Wheels, Barbies, bonecas que falam ou fazem xixi quando apertamos um botão, laptops, carrinhos com controle remoto, etc. o que caracteriza um consumo exacerbado de brinquedos industrializados que possuem materiais de difícil decomposição e que um dia poderão se tornar lixo expostos no meio ambiente.

          Buscando resgatar a cultura e as brincadeiras infantis dos nossos antepassados (pais e avós) e conscientizar seus alunos sobre a importância da preservação do meio ambiente, uma professora de Educação Física, realizou um projeto com um grupo de crianças na faixa etária de 6/7 anos a 10 anos do Ensino Fundamental em uma Escola Municipal do Rio de Janeiro. Utilizaram-se materiais recicláveis contidos em caixas no armário da escola, além de materiais trazidos pelos próprios alunos.

        A questão ambiental vem sendo considerada como cada vez mais urgente e importante para a sociedade, pois o futuro da humanidade depende da relação estabelecida entre o meio ambiente e o uso pelo homem dos recursos naturais disponíveis. Essa consciência já chegou até as escolas e várias iniciativas têm sido desenvolvidas em torno desta questão, por professores de todo o País.

 
A Importância do Brincar:

 
        Em cada contexto social observamos que existem perspectivas, atitudes, teorias e olhares frente ao brincar. Podemos afirmar que as brincadeiras são expressões de cada momento histórico, social, político e cultural de um determinado contexto temporal e espacial. Verificam-se nessa época, tão contemporânea, alterações sociais e econômicas que é visível na própria concepção de sociedade, educação e sujeito. Em conseqüência, muda-se também a concepção de ser criança e de infância, alterando também os tipos de brinquedos infantis e o conceito do brincar. 

         É nesse contexto histórico-social que se verifica um conjunto de conhecimentos a serviço da produção e do consumo. Essa sociedade capitalista apela incansavelmente através da mídia, para o consumo, criando no indivíduo a necessidade de consumir mercadorias, e para o público infantil os brinquedos industrializados são referência marcante deste consumo criando-se vários acessórios: roupas de marcas, acessórios de desenhos famosos e não tão infantis, como também CDs e DVDs infantis, festas temáticas de aniversário, etc. No caso da criança, os brinquedos já estão prontos, pois é só chegar à loja virtual ou no comércio que eles estarão lá à venda. E estes brinquedos fazem toda a simulação (choro, som, movimentos, entretenimento) onde a criança apenas permanece frente ao brinquedo passivamente, olhando e observando como expectadora. Assim, vivemos atualmente, e convivendo, com uma invasão e bombardeio de informações disponíveis através de brinquedos com suas parafernálias altamente tecnológicas. E como relata Oliveira (2008) vivemos uma incapacidade aparentemente insuperável de interpretação dos fenômenos.

          Ao citarmos Rubem Alves, ele nos remete a seguinte reflexão:

 

Qualquer coisa pode ser um brinquedo. Não é preciso que seja comprado em lojas. Na verdade, muitos dos brinquedos que se vendem em lojas não são brinquedos precisamente por não oferecerem desafio algum. Que desafio existe numa boneca que fala quando se aperta a sua barriga? Que desafio existe num carrinho que anda ao se apertar um botão? Como os brinquedos do professor Pardal, eles logo perdem a graça. Mas um cabo de vassoura vira um brinquedo se ele faz um desafio: “Vamos, equilibre-me em sua testa!”Quando eu era menino eu e meus amigos fazíamos competições para saber quem era capaz de equilibrar um cabo de vassoura na testa por mais tempo. O mesmo acontece com um corda no momento em que ela deixa de ser coisa para se amarrar e passa a ser coisa de se pular. Laranjas podem ser brinquedos? Meu pai era um mestre em descascar laranjas sem arrebentar a casca e sem ferir a laranja. Para o meu pai a laranja e o canivete eram brinquedos. Eu olhava para ele e tinha inveja. Assim, tratei de aprender. E ainda hoje, quando vou descascar uma laranja, ela vira brinquedo nas minhas mãos ao me desafiar: “Vamos ver se você é capaz de tirar a minha casca sem me ferir e sem deixar que ela arrebente...”. (ALVES, Rubem. Brincando é que se aprende. http://www.rubemalves.com.br/ebrincandoqueseaprende.htm)

           O apelo contemporâneo é, portanto, para a busca incansável da satisfação humana, via produção e consumo. O sujeito (seja criança, adolescente, jovem, adulto, idoso) é o responsável para consumir, valorizando a condição de ter e não de ser. É o ditado que diz: “Você vale pelo que tem e não pelo que você é”. A imagem e o belo é a garantia de status e prestígios sociais. Todavia perde-se a noção do ser, digo, ser humano (ser hum-mano) da educação para a vida, enquanto processo de emancipação, preservando de forma considerável a educação para a utilidade. No caso da criança, essa só se satisfaz se tiver o produto que é anunciado em propagandas. Só se sente satisfeita se possuir a roupa do super-homem ou do Batman ou do Ben10, ou o laptop da Xuxa, o CD da Sandy e Junior, a mochila da Pucca, ou mais ainda, só brinca se for com brinquedos eletrônicos, industrializados e, padronizados. Afinal todos os amigos do grupo têm que ter o mesmo brinquedo. E se a criança não tiver, não poderá  brincar ou “fazer parte do grupo”.
 
 
Vídeo: Youtube - Educação Infantil e o  poder da mídia que influencia sobre o consumo infantil

          Este tempo, que é o do consumo, exige a própria superação da lógica desumanizadora do capital que tem no individualismo, no lucro e na competição seus fundamentos, desconstruindo o conceito de ludicidade e do brincar. O que para os teóricos como Vygotsky, Piaget, Wallon, Freud, Lapierre, Aucouturie, etc; o brincar seja considerado fonte inspiradora para o desenvolvimento e aprendizado humano, resultando em características fundamentais, como: criatividade, prazer, alegria, espontaneidade, criticidade, criatividade, autonomia, busca do conhecimento, etc. Vê-se outra concepção de brincar, submetida à lógica da padronização e da prontidão onde a criança não desenvolve a ação criativa e simbólica sobre o brinquedo, pois esse já vem pronto e acabado, faz toda a ação sozinha, enquanto o reflexo do avanço tecnológico e a única ação do infante se resumem na sua condição de proprietário do brinquedo.

          Mais uma vez podemos nos refutar à palavras do Professor Rubem Alves, quando relembra que:         

“Como a gente era pobre e não tinha dinheiro para comprar brinquedos, a gente fazia os brinquedos. Minha mãe me ensinou a fazer chapéus de Napoleão com jornais, a recortar bonequinhas, todas de mãos dadas, a fazer corrupios com botões e linha, a fazer barquinhos de papel, que eu colocava na enxurrada... Hans Christian Andersen, um contador de estórias dinamarquês, contou a estória de um soldadinho de chumbo de uma perna só, apaixonado pela bailarina da caixinha de música, que navegou num barquinho de papel nas águas da chuva que corriam pela sarjeta, até naufragar num bueiro, que o levou ao rio, onde foi engolido por um peixe...”


 
          É interessante pensar que ainda que, diante da própria concepção de infância e cultura presente na sociedade contemporânea, observamos que há uma ideia de uma visão de que criança é um adulto em miniatura e a possui uma precocidade.  Embora, já se tenha observado tal comportamento em certas crianças. Verifica-se que alguns brinquedos para essa realidade têm uma visão marcada pelo mundo do adulto, que expressa o seu olhar e sentimento sobre a criança, principalmente no que se refere aos tipos de brinquedos e jogos.

          Em meio a tantas mudanças e novidades na esfera econômica e social capitalista, devemos questionar quem são estas crianças e quais tipos de brinquedos e jogos as crianças gostariam de brincar e quais têm brincado hoje.

         Perceber a criança em sua subjetividade ajuda a responder as suas inquietações para que possamos ter uma reflexão crítica do brincar, pois muitas das vezes estamos mais preocupados se essa criança precisa ser educada para competir no mercado global do futuro ou voltamos à preocupação delas, a terem acesso ao computador, pois não queremos que elas fiquem desatualizadas. A preocupação se faz no sentido de que esses tipos de brinquedos contemporâneos tenham a única finalidade de preparar a criança para o futuro estereotipado pelo adulto, esquecendo que a criança está no seu presente: o de ser criança.

           Para HUIZINGA (2000), as brincadeiras, os jogos infantis, a recreação, as representações litúrgicas e teatrais estão relacionadas diretamente ao conceito de ludicidade(Ludus). Ele traz o conceito de HOMOLUDENS “o homem que se diverte”, uma vez que o ato de jogar pode ser considerado como um fato relevante e existencial no processo evolutivo humano.

          Para muitos, atualmente, ainda acreditam que o brincar não serve para nada, só para passar o tempo ou que o ato de brincar somente se resume a brinquedos consumidos e que tenham atrativos sonoros, coloridos, com funções. Todavia, desde a antiguidade já se falava do brincar enquanto estimativa de aprendizagem e desenvolvimento.

          Os estudos de KICHIMOTO (1993) abordam sobre as influencias do negro, do índio e do português sobre o brincar e os jogos infantis que contribuíram para a cultura brasileira, nos quais dentre eles citamos: a pipa, a bola de gude, os brinquedos cantados.

          De acordo com o artigo 31 da Convenção dos Direitos da Criança da ONU (Organização das Nações Unidas) “Toda criança tem o direito ao descanso e ao lazer, e a participar de atividades de jogos e brincadeiras, apropriadas à sua idade, e a participar livremente da vida cultural e das artes”. E quando se fala em criança e a brincadeira, realmente é um assunto que deve ser discutido, porque brincar é uma atividade prazerosa, além de ser divertido e ser essencial para o desenvolvimento e o aprendizado das crianças. Seja na escola, em casa, no parque deverá haver um espaço para que as crianças brinquem de forma espontânea e estabelecer um convívio social com outras crianças.

         Brincando a criança está nutrindo sua vida interior, descobrindo sua vocação e buscando um sentido para sua vida. Ao brincar com outras pessoas, a criança aprende a viver socialmente, respeitando regras, cumprindo normas, esperando a sua vez e interagindo de uma forma mais organizada, isto é, preparar para a vida.

         As crianças precisam vivenciar suas ideias em nível simbólico, para poderem compreender seu significado na vida real. Então, é preciso brincar, brincar seriamente, brincar profundamente.

        Os jogos e os brinquedos expressam valores e proporcionam oportunidades para assimilação de ideias e formação de princípios.  Brincando ou Jogando a criança terá oportunidade de desenvolver capacidades indispensáveis à sua futura atuação profissional, tais como atenção, o hábito de permanecer concentrado e outras habilidades perceptuais e psicomotoras.

         Quanto aos pais devem valorizar o brinquedo e acompanhar a brincadeira dos filhos encarando o brinquedo não como algo que irá distrair a criança enquanto os pais fazem outras coisas.  Ao comprar um brinquedo, deve-se escolher aquele que permita uma interação, a atenção, a imaginação, as habilidades sociais e os relacionamentos, a expressão verbal e corporal, as habilidades artísticas e criativas.  Geralmente, os pais costumam compra aqueles brinquedos que todas as crianças têm ou a que passou no comercial e porque está na “moda”, e que depois de uma semana estará jogado em um canto.

           Essa discussão se faz necessária, uma vez que enquanto professores precisamos fomentar situações cotidianas em que a criança possa manipular, construir, desconstruir, imaginar, criar, reaproveitar materiais que aparentemente não tem símbolo algum, mas que pode ser transformado em brinquedos e jogos em momentos de experiências infantis. Portanto, é pertinente oferecer situações para que as crianças criem seus próprios brinquedos, sejam eles através de materiais alternativos: carrinhos, caminhões, bonecas, boliches, bolas, bilboquês, vai-e-vem, etc; visto que durante a construção desses brinquedos ela já brinca com a imaginação, entra no simbólico e na fantasia, pensando no significado desse objeto através da experiência do brincar.
 

A Importância do Preservar o Meio Ambiente:

 
         À medida que a humanidade tem aumentado, sua capacidade de intervir no meio ambiente para satisfazer suas necessidades e desejos crescem juntamente. O que faz com que surjam tensões e conflitos quanto ao uso do espaço e dos recursos em função da tecnologia disponível.

         Nos últimos séculos, um modelo de civilização vem trazendo a industrialização como forma de produção e consumo material. E a exploração dos recursos naturais passou a ser feita de forma demasiadamente intensa degradando seu espaço biótico e abiótico, aumentando também a poluição ambiental, aquecimento global, doenças e destruição.  Muitas pesquisas relatam que o tempo de decomposição de materiais no mar, rios, lagos e solo levam anos para acontecerem, como por exemplo: o plástico leva mais de 100 anos para se decompor na natureza. O nylon leva mais de 30 anos. O chiclete, mais de 5 anos. O filtro do cigarro, leva de 6 meses a um ano. O metal (de cerveja) mais de 100 anos. A madeira pintada leva 13 anos. E os piores de todos: o vidro levará 1 (hum) milhão de anos para se decompor e a borracha (pneu de carro) por tempo indeterminado (PETROBRÁS).

         O homem percebendo-se como parte integrante do meio ambiente tem pensado em resgatar a noção da questão de proteção ambiental com finalidades de qualidade de vida das comunidades com seus componentes bióticos e abióticos, onde definições como a de meio ambiente e de desenvolvimento sustentável estão em construção e envolvem grande discussão.

         Uma sociedade sustentável, de acordo com as Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), seria aquela que vive em harmonia com alguns princípios interligados como: respeitar e cuidar da comunidade dos seres vivos; melhorar a qualidade de vida humana; conservar a vitalidade e a diversidade do Planeta Terra; permanecer nos limites de capacidade de suporte do Planeta Terra; modificar atitudes e práticas pessoais; permitir que as comunidades cuidem de seu próprio ambiente: protegendo, preservando, conservando, recuperando e evitando a degradação; etc.

        Esse tipo de discussão é útil, na medida em que voltamos a nossa atenção para a forma como se realiza a ação do homem na natureza e como se constrói um patrimônio cultural. Portanto, permite discutir a necessidade, de um lado de preservar e cuidar do patrimônio natural para garantir a sobrevivência das espécies, a biodiversidade, a conservar saudáveis os recursos naturais como a água, o ar e o solo; e, de outro lado, preservar e cuidar do patrimônio cultural, construído pelas sociedades em diferentes lugares e épocas. 

         A opção pelo trabalho que envolva o tema Meio Ambiente nos remete a necessidade de aquisição de conhecimento e informação por parte da escola para que se possa desenvolver um projeto adequado junto aos alunos. No que se refere à área ambiental, há muitas informações, valores e procedimentos que estão sendo realizados e transmitidos às crianças nas escolas para que se estabeleçam as relações entre esses dois universos (Criança e Meio Ambiente) no reconhecimento dos valores que se expressam por meio de comportamentos, técnicas, manifestações artísticas e culturais.

         A questão ambiental vem sendo considerada como cada vez mais urgente e importante para a sociedade, pois o futuro da humanidade depende da relação estabelecida entre o meio ambiente e o uso pelo homem dos recursos naturais disponíveis para garantir a qualidade de vida de todos. Essa consciência já chegou até as escolas e várias iniciativas têm sido desenvolvidas em torno desta questão, por Professores de todo o País. Portanto, concordamos quando diz uma letra de certa música de Ivan Lins e Vítor Martins – “Depende de nós”:

 

Depende de nós
Quem já foi
Ou ainda é criança
Que acredita
Ou tem esperança
Quem faz tudo
Pr'um mundo melhor...

Depende de nós
Que o circo
Esteja armado
Que o palhaço
Esteja engraçado
Que o riso esteja no ar
Sem que a gente
Precise sonhar...

Que os ventos
Cantem nos galhos
Que as folhas
Bebam orvalhos
Que o sol descortine
Mais as manhãs...

Depende de nós
Se esse mundo
Ainda tem jeito
Apesar do que
O homem tem feito
Se a vida sobreviverá...

Que os ventos
Cantem nos galhos
Que as folhas
Bebam orvalhos
Que o sol descortine
Mais as manhãs...

Depende de nós
Se esse mundo
Ainda tem jeito
Apesar do que
O homem tem feito
Se a vida sobreviverá...

Depende de nós
Quem já foi
Ou ainda é criança
Que acredita
Ou tem esperança
Quem faz tudo
Pr'um mundo melhor...

Depende de nós!
Depende de nós!
Depende de nós!..
.”
 
 
O Projeto

O projeto foi realizado com um grupo de crianças na faixa etária de 6/7 anos a 10 anos em uma Escola Municipal do Rio de Janeiro (SME). Antes de confeccionarem os materiais as turmas receberam instruções e informações a respeito do brincar e as brincadeiras tradicionais, dos quais já conhecemos como: pique-pegas, amarelinhas, pular cordas, galinha choca, coelhinho sai da toca, etc. Utilizaram-se materiais recicláveis contidos em caixas no armário da escola, como: folhas de jornal, folhas de papel de computador antigas, papel carbono preto, revistas velhas além de materiais trazidos pelos próprios alunos: garrafas e tampas de refrigerante plástica (PET), linhas de costura, cordas de naylon (usados em varal). Como auxiliares usou-se: giz de cera, canetinhas, lápis de cor, barbante e tesoura. 
 
 
VAI-E-VEM (Foto: Arquivo Pessoal)
 

Cada turma confeccionou um determinado brinquedo de acordo com a faixa etária, tais como: petecas, pipas e aviões de papel, bilboquê e vai-e-vem de pet (garrafas plásticas de refrigerante). O primeiro ano do ensino fundamental o alunos confeccionaram petecas de papel e aviões de papel. No segundo ano, os alunos confeccionaram pipas de papel. No terceiro e quarto anos, os alunos confeccionaram bilboquês e pipas. E no quinto ano, alguns alunos confeccionaram o bilboquê e o vai-e-vem.

PIPA (Foto: Arquivo Pessoal)

         Em seguida ao terminarmos a confecção dos brinquedos, estes foram organizados para serem expostos na escola no dia da Festa do Folclore, realizado no dia 26 de agosto de 2010, no qual outros alunos puderam visitar cada exposição de seus colegas de outras turmas.
 



BILBOQUÊ (Fotos 1, 2. 3: Arquivo Pessoal)
        Depois da exposição proporcionamos um momento no qual cada criança recebeu o seu brinquedo confeccionado por eles (as) mesmos (as).
BILBOQUÊ (Fotos: Arquivo Pessoal)
 
        Na aula seguinte de Educação Física, cada criança vivenciou e resgatou com seu respectivo brinquedo confeccionado, os tempos em que seus pais eram crianças brincando de avião, bilboquê, peteca, vai-e-vem e pipa.
 

CAI-NÃO-CAI (Fotos 1 e 2: Arquivo Pessoal)
 
        Ao final das atividades todos os alunos puderam levar seus respectivos trabalhos (os brinquedos) confeccionados para suas casas.
 



JOGO DA VELHA: Confeccionados com papelão, caixa de sabonete e rolo de papel higiênico (Fotos 1, 2, 3: Arquivo Pessoal)
 
 
PATA-DE-VACA(Fotos: Arquivo Pessoal)
 
TELEFONE-SEM- FIO (Fotos: Arquivo Pessoal)
 
BOLAS DE MEIA (Fotos: Arquivo Pessoal)
 
 
         Ao relatar sobre a experiência do brincar em uma cultura de consumo, podemos levar às crianças refletir sobre a importância de se preservar o meio ambiente e sua relação com a reciclagem ao evitar o consumo excessivo de materiais que lhe são prejudiciais. A utilização da reciclagem como uma alternativa de se reaproveitar certos materiais, levou a uma maior conscientização do tempo que cada material leva para serem decompostos no mar, rios, lagos e solo.
        Levaremos também em consideração que, cada aluno também inserido neste contexto cultural, pôde vivenciar e resgatar uma infância (sem o consumo excessivo de brinquedos industrializados) ao confeccionar seu próprio material, onde em seguida cada material foi transformado em um brinquedo puramente lúdico.
  
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS:
 
ALVES, Rubem. Brincando é que se aprende. Site Disponível em: http://www.rubemalves.com.br/ebrincandoqueseaprende.htm
ALVES, Rubem. Brincar é difícil. Abril/2002. Fonte: Artigo Disponível em: http://www.brinquedoteca.org.br/si/site/0018020?idioma=portugues
BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: meio ambiente e saúde. Secretaria de Educação Fundamental.  Brasília. 1997.
HUIZINGA, J. Homo Ludens: O Jogo como elemento da cultura.  São Paulo: Perspectiva Ed. 2000. 4ª Edição.
KISHIMOTO, T. M. Jogos Infantis: O Jogo, a Criança e a Educação. 6ª Ed. Rio de Janeiro: Vozes.1993.
 
OLIVEIRA, Marta Regina Furlan. O BRINCAR NA SOCIEDADE DE CONSUMO: EM BUSCA DA SUPERAÇÃO DA LÓGICA DE PADRONIZAÇÃO EPROPRIEDADE DO BRINQUEDO. Revista Eletrônica de Educação. Ano I, No. 02, jan. / jul. 2008. Acesso em 18/07/2010. Artigo em Site Disponível em PDF: http://web.unifil.br/docs/revista_eletronica/educacao2/4-%20BRINCAR%20NA%20SOCIEDADE%20DE%20CONSUMO.pdf.
 
RIO DE JANEIRO. Secretaria Municipal de Educação. Multieducação: O Ensino de Cultura, Meio Ambiente e Saúde, Trabalho. Rio de Janeiro, 2008.  (Série Temas em Debate).
       

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